quinta-feira, 30 de agosto de 2007

SÉRIE DE ARTIGOS IV

DEPOIMENTO CRÍTICO-AFETIVO SOBRE O CIRCUITO PERNAMBUCANO DE ARTES CÊNICAS
Vavá Schön-Paulino.


Por onde começaríamos a falar da nossa experiência como professor do Circuito Pernambucano de Artes Cênicas? Teremos que mexer nos nossos alfarrábios...
Existem algumas considerações que julgamos prioritárias: o ineditismo e arrojo do projeto; as expectativas diante de um desafio tão fantástico; o desconhecimento total realidade leste-oeste de Pernambuco e a competência de Romildo Moreira para gerenciar tudo e todos. A geografia política de Pernambuco não é só litoral.
O Circuito Pernambucano de Artes Cênicas iniciou em agosto de 2001 em Petrolina. Nós estávamos lá. Tivemos a oportunidade de estarmos presente em mais ou menos 80 % (oitenta por cento) dos municípios contemplados pelo projeto. Gostaríamos muito de poder realizar um memorial crítico desta vivência sem par. Acreditamos que enquanto profissionais das Artes Cênicas, todos nós, tivemos a oportunidade de nos depararmos com uma realidade completamente diferente da que estávamos acostumados na capital da província. Excetuando, é claro, aqueles que como eu, nasceram no interior e por isto já o conheciam. Mesmo assim, tivemos cá nossas surpresas.
É importante e necessário fazer o registro que esta ação desenvolvida durante os dois mandatos do Sr. Jarbas Vasconcelos à frente do governo de Pernambuco foi sabiamente ousada e pertinente. Pernambuco já não é mais o mesmo. A FUNDARPE sob a presidência do Sr. Bruno Lisboa fez com propriedade um programa de educação através da arte e da cultura que necessitará sempre de uma continuidade. Pena que o pensamento político do Brasil, ainda no século XXI, continua ególatra e esquizofrênico.
Tivemos a grata satisfação de ministrar as oficinas de Expressão Corporal I e II, Interpretação I e II e Montagem. As trocas, porque entendemos o ato pedagógico como sendo uma via de mão dupla, foram profícuas e maravilhosas. Encontramos alunos-artistas que necessitavam de informações técnicas e procedimentos metodológicos e em troca nos davam: a disponibilidade para a construção do conhecimento e fundamentalmente a força criativa de suas experiências empíricas. Sempre muito válidas! Internamente, no que diz respeito às trocas entre os professores, tivemos cá nossas deficiências... Não vamos aqui proceder a um julgamento. Porém, para bem da verdade e compromisso com o futuro, acreditamos ser importante falar que nem sempre estávamos preparados para encarar realidades adversas ou termos mesmo aquela predisposição que faz parte do perfil de um educador.
Logo após os três primeiros anos, quando concluímos o processo nas primeiras cidades, percebemos o quão importante era aquilo que estávamos fazendo. A abertura de novos espaços nas cidades, a abertura de possibilidades para os talentos revelados e a abertura da percepção daqueles que até então, só percebiam de Pernambuco a estreita faixa litorânea.
Um novo grupo de cidades foi formado. Os pedidos eram demais... Recomeçamos uma nova jornada. O novo sempre nos assustando! Aí, podemos ver bem de perto o quão diverso e múltiplo é o nosso patrimônio cultural. Para sempre estará em nossas memórias, a competência dos meninos e meninas de Tuparetama. A terra de Tupã continua produzindo curumins perfeitos. Estamos agora, à porta do Travessão do Ouro, nos interrogando com que olhos mirar o futuro!

Recife, 30 de agosto de 2007.

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